Eu sinto. E sinto muito. Sou intenso nos sentimentos e às vezes exagero na expressão. Há um ditado que diz que coração é terra onde não se pisa. Algo nesse sentido. E de fato, é bastante complicado saber o que o outro sente. Não conhecemos seus medos, suas angústias, seus traumas e por mais que lhe seja dito, você não sabe ao certo como é.
Tenho a incrível habilidade (ou seria defeito?) de imaginar que o coração do outro é como um campo de tulipas holandesas. Tudo muito bonito e perfumado, lugar esse que você pode se jogar, claro, tomando o cuidado para preservar a beleza que você contempla.
Penso isso porque é assim que tento manter meu coração. Por mais que ele possa ter tido algumas tulipas arrancadas, despetaladas ou pisoteadas, outras nascem no lugar. Não repõem por completo aquelas que se foram, mas me permitem saber que as adversidades passam e novas flores nascem.
Me entrego porque é assim que sou. Sei que apesar de minhas boas intenções não é fácil confiar no outro um bem tão precioso quanto o coração.
É comum ouvirmos por aí que hoje vivemos tempos de amores líquidos. Eu mesmo já usei essa expressão, mas a verdade é que vivemos tempos de imaturidade. Tempos de comodismo. Tempos de troca.
Se antes o amor era algo supervalorizado e almejado pela grande maioria das pessoas, hoje, é só mais um detalhe. Não cultivamos nada que permita que o amor nasça e sobreviva, apenas vamos contando com a sorte e se aparecer, quem sabe, aproveitar. Não sabemos lidar com o amor.
É bem provável que eu e você deixemos possíveis amores passar, afinal, nunca saberemos onde ele vai estar e como vai se apresentar. E é por isso que sinto e me deixo levar. Se a estrada em que eu me encontro não me levar até ao campo de tulipas holandesas, poderei ao menos ter apreciado outras belas paisagens ao longo do caminho.
Não é pelo fato da minha viagem não ter chegado ao destino que eu previra que ela foi ruim. Esforcemo-nos então para aprendermos a ver as coisas boas e não valorizar demais as ruins.
Não sabote tanto seu coração e sinta.
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