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Último Texto

Dignidade

Não sou digno que a felicidade sorria para mim. Perceba que eu disse que não sou digno e não sou merecedor. É que a felicidade é fim último de todos e todos, sem exceção a merece. Mas ser digno de felicidade é diferente. Só é digno da felicidade aquele que possui bravura. É aquele que não tem medo dos nãos e das portas fechadas. Aquele que cria as condições ou, pelo menos, tenta criar os meios de atingi-la.  A felicidade é passiva. Você quem deve ir atrás dela e não esperar que ela aconteça. A felicidade se constrói enquanto se vive, não é um estado de graça, que uma vez atingido, permanece. Ela é como a própria vida. Ela até paira por nós, mas só de fato vive àquele que escolhe os próprios caminhos.  Só é feliz quem vive. Só vive quem é feliz. Os demais, se contentam com a efêmera sensação de ser feliz, só porque, num dia de céu claro, um leve sorriso foi visto no espelho.

Nossos Altos e Baixos

 Um dia, como outro qualquer, enquanto caminhava pelas ruas com o intuito de refletir um pouco sobre a vida, aproximou-se de mim um homem. Aparentava-se muito comigo, embora fosse alguns anos mais velho. Uns dez ou quinze anos mais velho, pareceu. Este homem pôs-se a caminhar ao meu lado, durante algum tempo sem dizer nada.

Após esse tempo em silêncio, ele disse:

- Me lembro de quando eu saía para caminhar pra pensar um pouco na vida, vejo que você ainda não perdeu esse hábito.

Surpreso eu olhei para o homem, sem entender muito bem o que ele queria dizer. Notando a minha surpresa e meu olhar de indagação, ele complementou:

- Eu sou você daqui uns anos. Sou o resultado das suas escolhas e das maneiras que você reagiu as consequências delas. Vivi os melhores momentos e as situações mais adversas e em cada uma dessas situações, boas ou ruins, me transformei em um novo ser.

- Vivi momentos extraordinários, que por mais que eu os imaginasse, não estava preparado pra viver. Me foram verdadeiramente uma grata surpresa. Em alguns desses momentos eu soube aproveitar, em outros, por mais que me alegrassem, não me preenchiam já que não correspondiam as minhas expectativas.

- Entre uma vitória e outra, intercalava-se momentos de perda e desamparo. Perdi pessoas. Algumas delas se foram, levadas pelo inevitável destino que espera a todos nós. Outras escolheram caminhos nos quais não me cabiam. E algumas, bem, eu acabei trilhando caminhos que não as cabiam.

- Às vezes me senti desamparado porque não entendia ou não via ou não sentia que as pessoas me entendiam, ou que me respeitassem, ou valorizassem, ou simplesmente por não me sentir merecedor de nenhuma das minhas conquistas. 

- Em dados momentos eu me dediquei e esforcei tanto, que fracassos e contratempos nem passavam pela minha cabeça e quando falhei ou as coisas não saíram como eu quis, me julguei completamente incapaz de conquistar qualquer coisa ou pessoa.

- Eu olhava sempre pra frente, para o objetivo. E era exatamente assim quando estava na sua idade. E nessas idas e vindas da vida, nesses altos e baixos, geralmente esqueci de mim. Me perdi do que eu gostava e de quem eu era.

- Então lembrei de alguns velhos hábitos e me recordei onde te encontrar. Vim até aqui pra que você ouça de mim, ou seja, de você mesmo um conselho: Seja qual for o momento da vida, esteja você no alto ou no baixo, seja o que for que tenha em mente, lembre-se de não focar exclusivamente no objetivo, no futuro, na expectativa, viva o processo, o momento, porque é no dia a dia que mora a beleza das experiências, e quando a frustração vier ou a conquista chegar, terá desfrutado do caminho, sendo o sucesso ou o fracasso apenas a coroação das atitudes que teve ao longo do caminho.

Os fardos se tornarão mais leves quando você confiar em si mesmo e aprender a hora certa de descansar ou pedir ajuda, seja amigo de si mesmo e não se condene tanto.

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