Pular para o conteúdo principal

Último Texto

Dignidade

Não sou digno que a felicidade sorria para mim. Perceba que eu disse que não sou digno e não sou merecedor. É que a felicidade é fim último de todos e todos, sem exceção a merece. Mas ser digno de felicidade é diferente. Só é digno da felicidade aquele que possui bravura. É aquele que não tem medo dos nãos e das portas fechadas. Aquele que cria as condições ou, pelo menos, tenta criar os meios de atingi-la.  A felicidade é passiva. Você quem deve ir atrás dela e não esperar que ela aconteça. A felicidade se constrói enquanto se vive, não é um estado de graça, que uma vez atingido, permanece. Ela é como a própria vida. Ela até paira por nós, mas só de fato vive àquele que escolhe os próprios caminhos.  Só é feliz quem vive. Só vive quem é feliz. Os demais, se contentam com a efêmera sensação de ser feliz, só porque, num dia de céu claro, um leve sorriso foi visto no espelho.

Que Tal?

Refletindo um pouco sobre as tecnologias e os avanços que ela traz, cheguei numa linha de pensamento que, embora não seja válida em todas as situações, ainda me pareceu um pouco triste. Hoje temos em mãos ferramentas que nos permitem ter acesso rápido e facilitado a uma grande quantidade de conteúdos. Se bem utilizado, podemos expandir nossos potenciais de maneira espetacular. Ao mesmo tempo que podemos acessar conteúdos que irão nos capacitar em vários aspectos da vida, temos acesso a entretenimento irrestrito, praticamente. Essa mesma tecnologia nos permite conectarmos com pessoas a milhares de quilomêtros de distância. E isso é bom! Porém, tenho observado que ao mesmo tempo que nos enchemos de novos conhecimentos e nos conectamos com pessoas distantes, temos perdido a conexão com aqueles que estão a nossa volta. Em grande parte, desconectamos até de nós mesmos. Embora eu ainda seja jovem, observo uma diferença enorme na dinâmica da infância das novas gerações. Era comum que as crianças fossem para a porta da rua e brincar, jogar bola, jogar conversa fora. Era comum que os vizinhos se sentassem nas calçadas para jogar conversa fora, fofocar. Os amigos se encontravam com frequência pra trocar ideias, experiências e construir novas histórias juntos, num convívio mais próximo, onde as relações se estreitavam, aprofundavam, transformavam a vida de cada um.

Hoje tenho observado, inclusive entre as pessoas mais velhas, um conjunto de pessoas super atarefadas, com agendas lotadas, com muito a ser feito. Muitas delas reclamam que tem afazeres, mas gasta o tempo no celular, entretendo-se, com qualquer que seja o conteúdo. Quando notam, já acabou o dia e muitas vezes algo que era importante deixou de ser feito. A pessoa se estressa, terá menos tempo pra fazer tudo aquilo que precisava fazer ontem, mas não fez. Um amigo vai convidar pra fazer alguma coisa, mas não vai ter tempo pra ir ou vai estar cansado, depois de ter usado todo o tempo que dispunha, pra fazer em poucas horas tudo aquilo que precisava ter sido feito com antecedência. Às vezes vai ter tempo, mas já está tão acostumado a ficar em casa, que vai dispensar o "rolê", pra ficar em casa vendo série. Às vezes até quer ir, mas não encontra ânimo pra sair de casa e fica no "vou ver e te aviso". E tem aqueles que se juntam, se reunem em algum lugar e chega num ponto, que ao olhar em volta, estão todos com o celular na mão, algumas vezes dando a sensação de que queriam estar com outras pessoas e não ali.

Claro que eu não estou isento desse comportamento. Assim como as pessoas que observo, enxergo em mim essas mesmas atitudes e muitas vezes, mesmo cercado de pessoas, de conteúdo, de distrações, ainda assim, às vezes me sinto só.

Que tal então se num domingo desses qualquer a gente se encontre, se reúna em um parque, com um baralho, uma peteca ou uma bola, alguns comes e bebes, sem celular. Esse será um momento pra ser registrado na memória e não em fotos. Que tal seria se a gente se desconectasse do virtual, por um mínimo momento que seja, e nos conectasse no mundo real, nem que fosse por dez minutos apenas.

Comentários

Postar um comentário

Poxa, deixa um comentáriozinho aí...

Postagens mais visitadas