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Dignidade

Não sou digno que a felicidade sorria para mim. Perceba que eu disse que não sou digno e não sou merecedor. É que a felicidade é fim último de todos e todos, sem exceção a merece. Mas ser digno de felicidade é diferente. Só é digno da felicidade aquele que possui bravura. É aquele que não tem medo dos nãos e das portas fechadas. Aquele que cria as condições ou, pelo menos, tenta criar os meios de atingi-la.  A felicidade é passiva. Você quem deve ir atrás dela e não esperar que ela aconteça. A felicidade se constrói enquanto se vive, não é um estado de graça, que uma vez atingido, permanece. Ela é como a própria vida. Ela até paira por nós, mas só de fato vive àquele que escolhe os próprios caminhos.  Só é feliz quem vive. Só vive quem é feliz. Os demais, se contentam com a efêmera sensação de ser feliz, só porque, num dia de céu claro, um leve sorriso foi visto no espelho.

Café

Essa noite fui visitado pela insônia. Atribuo a esta visita o café. Outrora, não importava quantas xícaras de café eu tomasse, meu sono permanecia intacto, mas nos últimos tempos, tenho recebido a visita da insônia. Ao acordar, veio na boca um gosto amargo. A insônia e o gosto amargo que experimento, só podem ser coisas do café. Ou é isso, ou é a vida. No acumulado dos meus últimos anos, só agora recentemente é que tenho enfrentado meus medos. Só agora é que me vem a mente as consequências emocionais de perdas, algumas delas necessárias, que experimentei. E só agora a insônia me visita, portanto, só agora o café que tomo me afeta.

Chego em casa, após um longo dia de trabalho, e ao deixar de lado as minhas coisas, encaminho-me em direção a cozinha, xícara em mãos e o primeiro movimento feito é o de balançar a garrafa de café. Em segundos, a xícara está cheia e já estou divagando pela internet, muitas vezes, apenas pra abafar o barulho que a minha própria mente faz. Distraio-me com afazeres banais até a hora de deitar e ao deitar, o café, que tomei assim que cheguei, começa a me trazer memórias e a criar cenários futuros. Enquanto isso: tic-tac, tic-tac.

É tudo culpa do café. Ou é isso, ou é a vida. Mas se fosse a vida, esses pensamentos e essas conjecturas, as construções de cenários se dariam ao longo do dia, mas ao longo do dia não há insônia, há sono. E por isso é preciso que eu tome café. E o café traz a tona uma parte daquilo que foi criado durante a madrugada e inventa novas coisas, novas dores, novos cenários, novos medos.

É tudo culpa do café. Ou é isso, ou é a vida!

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