Pular para o conteúdo principal

Último Texto

Dignidade

Não sou digno que a felicidade sorria para mim. Perceba que eu disse que não sou digno e não sou merecedor. É que a felicidade é fim último de todos e todos, sem exceção a merece. Mas ser digno de felicidade é diferente. Só é digno da felicidade aquele que possui bravura. É aquele que não tem medo dos nãos e das portas fechadas. Aquele que cria as condições ou, pelo menos, tenta criar os meios de atingi-la.  A felicidade é passiva. Você quem deve ir atrás dela e não esperar que ela aconteça. A felicidade se constrói enquanto se vive, não é um estado de graça, que uma vez atingido, permanece. Ela é como a própria vida. Ela até paira por nós, mas só de fato vive àquele que escolhe os próprios caminhos.  Só é feliz quem vive. Só vive quem é feliz. Os demais, se contentam com a efêmera sensação de ser feliz, só porque, num dia de céu claro, um leve sorriso foi visto no espelho.

Dilemas

A vida é sempre uma caixinha de surpresas. Vai dia, vem dia e, assim, como quem não quer nada, surge um fato novo, algumas vezes consequências de nossas ações passadas, algumas vezes completamente aleatório. Dentre esses fatos, alguns serão encantadores, maravilhosos e excepcionais, fontes riquíssimas de felicidades. E muitas vezes esses mesmos fatos, são os mais difíceis de se lidar.

O caminho para a felicidade, se é que podemos dizer que há um caminho de fato, é permeado por diversas situações que muitas vezes, são infelizes. Quando não infelizes, são, no mínimo, dolorosas. Nesse caminho, sempre existirá milhares de bifurcações e desvios que, ora enriquecerão a nossa bagagem de felicidade, ora diminuirá essa bagagem.

Cada desvio na estrada representa nossas ações. Muitas dessas ações, para serem tomadas, levam em consideração uma infinidade de variáveis que, muitas vezes, não estão diretamente relacionadas a nós, como foco central, mas como nos sentiríamos se algo acontecesse a alguém ou se a tentativa levasse ao fracasso, ainda que momentâneo de nossos esforços.

Os famosos se's. E se fulano pensar isso? E se ciclano não gostar? E se der errado? E se eu não conseguir? E se me apontarem isso? E se não me aceitarem? E se eu perder fulano? E se... E se... E se...

E assim surgem-se os dilemas. Dilemas morais, porque podemos ir de encontro ao que rege o senso comum ou ao senso religioso ou a cultura que nos foi ensinada e que assimilamos muitas vezes automaticamente. Dilemas que nos colocam em conflito com nós mesmos. Não é incomum que sejamos ensinados a enxergar com prazer os autosacrifícios, que há grande valor em abrir mão de si em prol dos outros. De fato existe um grande valor nesses autosacrifícios, desde que junto, não se sacrifique por inteiro e distancie-se do caminho que te leve a felicidade.

E é por isso que a felicidade, quando alcançada dia a dia, tem tanto valor. Ela custa caro para ser apreciada. É um trabalho árduo e constante. É um caminhar por montes e vales, ora se estará no topo do monte, ora se estará no fundo de poços, mas nesse ínterim, sempre terá algo que valeu a pena ter feito, um desvio que valeu a pena ter tomado, uma decisão que, não necessariamente terá um retorno duradouro, mas que nos permitirá encher nossas bagagens com sabedoria, alegria, afeto.

Haverá caminhos tortuosos e difíceis de serem encarados, pois a subida pode ser muito íngreme, estrada cheia de erosões, cascalhos e pedras, barreiras. Haverá caminhos em que pessoas ficarão para trás e outras que iremos nos desencontrar para que, lá na frente, encontremos novamente.

Haverá caminhos, que apesar de uma multidão que nos cerca, teremos de caminhar sozinhos. Em outros caminhos, teremos diferenças com alguém que nos faz companhia, haverá desentendimentos, angústias, e nesses caminhos, é que teremos grandes dilemas. Sigo por mim mesmo ou espero até que cheguemos de novo a um consenso?

A única coisa que é certa, em todas as estradas, é que são as nossas escolhas que nos conduzem ao destino final. É a nossa capacidade de encarar de frente as más escolhas e persistir no caminho que nos fará chegar o mais longe que pudermos. A nossa capacidade de olharmos para nós mesmos na mesma proporção que olhamos para os outros que nos permitirá ter um senso mais claro para enfrentarmos os dilemas. E são os dilemas nossos desvios do caminho. E que sempre sejamos capazes de escolher os bons caminhos.

Comentários

Postagens mais visitadas