Lá No Fundo

Em cima da mesa, um copo escuro, de plástico.
Lá fora, a claridade do dia iniciando, o sol acabara de nascer.
Grande foi o espetáculo de cores, somado ao canto dos pássaros.
Em mim, a pressa. Como sempre, acordei atrasado.
Corro para a cozinha, encho o copo de água e num gole, esvazio.
Enquanto faço o movimento de ingerir o líquido e abaixar o copo,
Lá no fundo, refletido pela luz do sol nascente, vejo meu reflexo.
Ao olhar nos meus olhos, sinto de imediato um rubor na face.
Há tanto que trago no fundo do meu peito,
Que só me acessa quem me olha com sinceridade.
Há tanto que meus olhos falam, mas não se ouve.
Lá no fundo, mora as minhas verdades que nem são tão secretas,
Pois meu olhar entrega boa parte do que trago em mim.
Lá no fundo do copo, vi meu olhar sorrir, porque no fundo do meu olhar,
Lá estava ela.
Mas como nem tudo são flores,
Desperto-me de meu sono acordado,
Que durou um dia inteiro, no espaço de cinco segundos.

Comentários