Volta e meia me desconcentro do trabalho.
Ao me desconcentrar, levanto a cabeça e olho pela janela.
Vejo uma mistura de paisagens. O encontro de dois mundos.
De um lado, a natureza, sempre muito singela e bela,
Cheia de árvores, que ao ritmo do vento,
Suavemente balança e produzem um só de calma.
Ao longe, meus olhos míopes, enxergam uma planta,
Suas flores avermelhadas,
Mas meu parco conhecimento em botânica não me permite identificar.
Ao lado, um ipê rosa. Esplêndido. Nada mais.
Ao fundo, ou em frente, depende do ponto de vista,
A rodovia corta ao meio essa paisagem.
Veículos ruidosos e apressados, passam sem perceber a beleza que o cerca.
Talvez ao parar no sinal, o motorista tenha notado a criança que na calçada,
Apanhou uma flor semi-amassada que caiu da árvore,
E após cheirá-la, abriu largo sorriso, que sem querer, me fez sorrir também.
Talvez tenha notado também, o sorriso orgulhoso do ambulante,
Ao conseguir vender seu produto.
Quem sabe, tendo forçado um pouco mais a vista,
Tenha visto o casal apaixonado que sorria, sem nem saber porquê,
Vendo beleza em tudo que os rodeava.
Talvez o motorista tenha notado tudo isso.
Ou talvez, tenha ignorado tudo, preocupado apenas com o sinal que não abre.
Entre essas árvores, a rodovia e a pressa das pessoas,
Tem um córrego, que a ganância ou ingenuidade de nossos antepassados poluiu.
Mas apesar do aspecto destoante da beleza natural que teria,
Ele ainda ressoa tranquilizante, e olhando com carinho, apesar de sujo, ainda belo.
Se levanto a vista míope e cansada, ainda é possível avistar um céu.
Esse céu, de um azul brilhante, quando sem nuvens,
Parece um quadro azul esperando as tintas que desenharão nele imagens diversas.
E pouco a pouco, pinga-se de branco acinzentado, com um nuvem aqui
Outra ali, formando diversas imagens.
Vejo agora um gato desenhado pelas nuvens no céu.
Mais adiante, um violão.
A música que ressoa:
As folhas balançando nas árvores, pássaros cantando
E os veículos que contrastam com a harmonia de uma natureza artística.
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