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Último Texto

Admiração

Admiro os poetas que escrevem, Com métricas, estrofes e rimas, Que fazem da caneta e do papel, Ferramentas de sua obra-prima. Admiro aqueles que ao lerem poesia, Respeitam a cadência, o sentimento, a melodia, Que apenas com o tom de voz, Eleva a beleza à nós. Admiro os que vivem a vida poeticamente, Que sabem com certeza o ser que são, Não são prisioneiros da mente, Quando chegada a hora, simplesmente vão. Admiro os que admitem  Que não sabem quem são, Pois se tornaram conscientes,  Da sua limitação. O que sou eu então, Se minhas rimas são bobas, Meus amores impossíveis, E se só sei o que não sou? Talvez eu seja isso: De toda uma vida, Um mero admirador.

Cultura

Essa semana faleceu um ícone da cultura nacional. Jô Soares. Lembro-me, desde mais novo, tentar ficar acordado e driblar minha mãe para assistir, nas madrugadas, as entrevistas magníficas que Jô conduzia com maestria e muito bom humor. Aqueles programas realmente me entretinham e me faziam pensar: "Por que programas como esse não são transmitidos em horários acessíveis a todos?". Além disso, sempre me imaginei escrevendo uma grande obra, de tamanha relevância ou visibilidade, que me credenciariam a ser um dos convidados de Jô para contar minhas histórias. E que histórias eu ouvia nos programas que eu assistia!!!

É sempre triste perder alguém a quem se admira, quem te inspira, quem, de alguma forma, te incentiva a ser melhor em algo. Mas por ser um artista, o legado dele permanece. O meu receio é que seja esquecido. Infelizmente, nos dias de hoje, não vejo a cultura nacional ser valorizada. Muitas das pessoas que conheço, ao dizer que gostam de alguma obra nacional, logo emendam a frase com alguma justificativa, como se fosse um pecado gostar do que é produzido aqui.

A globalização parece ter diluído a nossa cultura. Tudo que é de fora parece ser melhor do que o que é produzido por aqui. Livros, músicas, séries, filmes. Os artistas de fora são melhores que os nossos. E um artista daqui, pra ser bom, tem que fazer sucesso fora. Balela.

Somos um povo formado da mistura de outros povos. E creio que por ser a junção de vários povos em um só, tenhamos trazido o melhor de cada um em termos culturais. Temos um folclore rico, mas não ouço mais as lendas serem contadas. Temos grandes obras literárias, mas pouco de nós conhecemos. Grandes filmes retratando a nossa realidade e até mesmo a nossa fantasia, mas que não são mais que legalzinhos, como grande parte das pessoas dizem. Temos movimentos musicais com rica poesia, mas que muitos acham chato. Músicas dançantes, mas sem letra, na visão de outros.

Ninguém é obrigado a gostar de algo simplesmente por ser algo feito aqui. Não é esse meu ponto. Tudo bem não gostar, só não minimize a qualidade ou rebaixe aqueles que consomem e gostam, só pra se achar melhor que os demais. Reconheça a beleza, a poesia, a genialidade, a luta, o esforço. Valorize o trabalho dos conterrâneos, assim como valoriza aquilo que vem de fora. Conheça a história do seu povo e entenda o significado que cada expressão artística traz em seu cerne.

Faça críticas que ajudarão a fortalecer a cultura local, que farão melhorar a qualidade de nossas produções. Críticas que irão construir pontes para o futuro das próximas gerações. Criem discussões que irão aprimorar os cenários, em todos os aspectos. Apontem as falhas que prejudicam, mas sem desmerecer o todo. Apropriem-se das tradições e construam novas. Integrem-se como sociedade. Deixemos de lado o: "se não concorda comigo, está contra mim". Que a gente se una em prol de um futuro melhor pra todos. A cultura é uma boa forma de integrar diferentes linhas de pensamentos e ser apresentados ao que é diferente de nossa realidade.

Os protagonistas da nossa história cultural de algumas décadas atrás, infelizmente irão deixar de estar aqui. Não deixemos que seus legados sejam esquecidos. Que a gente possa se inspirar no passado para criar um futuro onde o orgulho de ser brasileiro e cultivar a nossa cultura, a nossa tradição, a nossa identidade como povo, seja fortalecido.

Que novos Jô surjam.

E que descansem em paz todos aqueles que contribuíram para a cultura, o entretenimento e a educação de nossa sociedade.

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