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Último Texto

Admiração

Admiro os poetas que escrevem, Com métricas, estrofes e rimas, Que fazem da caneta e do papel, Ferramentas de sua obra-prima. Admiro aqueles que ao lerem poesia, Respeitam a cadência, o sentimento, a melodia, Que apenas com o tom de voz, Eleva a beleza à nós. Admiro os que vivem a vida poeticamente, Que sabem com certeza o ser que são, Não são prisioneiros da mente, Quando chegada a hora, simplesmente vão. Admiro os que admitem  Que não sabem quem são, Pois se tornaram conscientes,  Da sua limitação. O que sou eu então, Se minhas rimas são bobas, Meus amores impossíveis, E se só sei o que não sou? Talvez eu seja isso: De toda uma vida, Um mero admirador.

Tesouro

Desde muito cedo, sempre estive em busca de tesouros que sempre foram famosos pela preciosidade e valores que possuíam. Eram descritos por pessoas experientes, que já haviam se aventurado em uma diversidade de empreendimentos.

Muitas dessas pessoas falavam sobre esses tesouros como mitos. Ouve-se falar mas nunca se vê. Tudo sempre longínquo e impossível de ser alcançado. Um tesouro muito disputado, que somente aqueles que perseveram podem encontrar. Pessoas fracas não conquistam esse tesouro.

Algumas pessoas deparam-se com esse tesouro, assim, por acaso. Atravessa a rua, olha para o lado e pronto: encontra um grandíssimo x marcado embaixo de uma árvore. Tão visível e tão chamativo que se admira que outra pessoa não tenha visto. Acaso? Destino? Providência?

Outras pessoas colocam-se ativamente a procura. Empreendem mudanças significativas em suas vidas julgando que assim será digna do tesouro e tornando-se digno, o encontrará. Muitas vezes, nessa busca inquietante, encontram algo brilhando pelo caminho, se jogam ávidos aos pés do tesouro encontrado e, mais tarde, quando observam com calma o brilho, percebe que o tesouro não era nada mais que um latão polido. Nem tudo que reluz é ouro.

Há ainda aquelas pessoas que temem encontrar o tesouro ou o descarta por temê-lo. Questionam-se o tempo todo se merecem tudo que tem. Questionam se àquele tesouro vem com uma maldição ou imaginam que a qualquer momento uma maldição recairá sobre suas cabeças. Acreditam que mais cedo ou mais tarde o tesouro se acabará ou ainda que podem não saber lidar com esse tesouro e gastá-lo mal. E na primeira oportunidade jogam fora o que às vezes se levou uma vida pra encontrar.

Por fim, existe uma quarta categoria de pessoas que encontraram o tesouro, mas este já se encontrava protegido por uma redoma. Pelo vidro é possível observar as nuances do brilho raro, vislumbrar-se com as cores das preciosidades, notar as qualidades das peças, e em alguns casos, enxergar os pequenos defeitos que o tempo deixou marcado em alguns acabamentos. Não se pode possuir esse tesouro, mas pode-se contemplá-lo, tomando-o, talvez, como incentivo. 

Alguns tesouros, por mais que protegidos em suas redomas, podem ser mais valorosos a nós do que aqueles que podem ser facilmente falseados e que estão ao nosso alcance. Muitas vezes o valor das coisas não estão nas coisas em si, mas na representação que fazemos delas dentro de nós.

Alguns tesouros podem ser realmente inalcançáveis, mas as sensações que despertam em nós, durante a aventura que é encontrá-los, podem fazer toda a diferença na vida que a gente vive e nos valores que a gente conquista.

Seja como for, experimentar a vida e suas surpresas sempre será um tesouro.


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