Sempre que vejo você e teus lindos olhos, meu coração se aquece de tal maneira, que parece que nunca antes eu havia sentido frio. Atrevo-me a pensar que o primeiro ser humano a produzir fogo, o fez com a ideia de reproduzir externamente o calor que sentiu assim que olhou a sua amada Homo erectus passar. Ele queria que todos os seus contemporâneos e vindouros descendentes sentissem esse fogo. Há de ter, em alguma caverna por aí, a pintura rupestre dessa história de amor.
Talvez essa tenha sido a primeira poesia feita pelo homem: o fogo representando o amor. Daí surgiram diversos outros usos do fogo, que se a gente prestar um pouco de atenção, também remete ao amor. Proteção contra as ameaças, melhoramento da consistência dos alimentos, facilitando a alimentação, tornando os homens saciados. Iluminação nas horas escuras do dia. E aquecimento.
Não satisfeito em dividir seus sentimentos com seus semelhantes, o homem deu início a domesticação de animais. Agora, os bichos também seriam amados e aprenderiam a amar com os homens. Quando estamos cheio de algo, principalmente algo bom, a gente quer dividir com os demais, deseja que todos se sintam como nós sentimos. Estreitamos laços. A natureza sentiu isso.
E assim os humanos foram evoluindo. Com a evolução, as distâncias físicas entre as pessoas aumentaram. E o homem amou quem estava longe e estando longe, precisava de meios que facilitassem o encontro entre os amantes. Daí surgiu a roda. Não haverá distância que separará o amor. Com a roda, meios de transporte foram inventados e as distâncias vencidas com mais facilidade.
E a cada nova revolução tecnológica, de certo que o amor era a base. Descobriram que nas Índias haviam as melhores especiarias, melhores tecidos e para presentear as amadas, queriam encurtar o tempo, abrindo-se novos caminhos para a terra. E assim descobriu-se novos mundos.
Claro que entre uma nova invenção e um novo jeito de demonstrar o amor houve também tempos de caos, maus momentos, calamidades. Mas o amor sempre esteve a postos para corrigir ou melhorar os desvios que nascem no intelecto humano, que às vezes, se perde nas tentativas de se fazer notado.
E assim, de revolução em revolução, de invenção em invenção, de demonstração em demonstração, chegamos até o dia de hoje. E nesse dia, eu vejo teus olhos, que me aquecem. O que se nota pelo rubor em minhas bochechas. E aí, desvio o olhar, tentando não entregar ao mundo, que mora sentimento em mim, como no Homo erectus que escreveu a poesia em fogo.
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