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Dignidade

Não sou digno que a felicidade sorria para mim. Perceba que eu disse que não sou digno e não sou merecedor. É que a felicidade é fim último de todos e todos, sem exceção a merece. Mas ser digno de felicidade é diferente. Só é digno da felicidade aquele que possui bravura. É aquele que não tem medo dos nãos e das portas fechadas. Aquele que cria as condições ou, pelo menos, tenta criar os meios de atingi-la.  A felicidade é passiva. Você quem deve ir atrás dela e não esperar que ela aconteça. A felicidade se constrói enquanto se vive, não é um estado de graça, que uma vez atingido, permanece. Ela é como a própria vida. Ela até paira por nós, mas só de fato vive àquele que escolhe os próprios caminhos.  Só é feliz quem vive. Só vive quem é feliz. Os demais, se contentam com a efêmera sensação de ser feliz, só porque, num dia de céu claro, um leve sorriso foi visto no espelho.

Sexta-feira

Zapeio as redes sociais em busca de algum entretenimento que me prenda, mas tudo que encontro são um conjunto de fotos e vídeos que, quando chamam-me a atenção, não a sustenta por mais que 10 segundos.

Pulo das redes sociais para os aplicativos de streaming, na lista de conteúdo que tenho salvo aguardando para ser visto, nada também me chama a atenção. Navego pelos catálogos, numa tentativa milagrosa de me sentir atraído por algo. Tudo em vão.

Meus amigos? Cada um segue seu rumo, e se estão tão entretidos como eu gostaria de estar, não sei. Não sei dizer se cheguei em um ponto da vida em que cada um segue um rumo e os encontros tornam-se eventuais, ou se simplesmente desconectei-me de todos eles. Acredito, às vezes, que o estado atual das relações humanas esteja todos assim: um grande eu cercado de nós onde nada vai além da superfície. Estamos todos numa procura incessante por algo que não sabemos o que é.

Começo então a refletir sobre como me sinto e o porquê de nada me chamar atenção a ponto de eu esquecer do mundo. Concluo que estou completamente desconectado de mim mesmo, e assim sendo, desconectado do que me agrada. Me falta ela. Sem dúvidas, estou perdido a procura dela.

Mas quem é ela? O que ela faz? O que fez? O que fará?

Quem é ela?

O que fez de mim?

Por que ela?

Não, não pode ser isso. Deve haver outra coisa que me deixa nesse estado. Não, não pode ser isso, porque se for, qual o sentido?

Talvez eu devesse ler um livro. Isso! Um livro, talvez me retire dessa minha realidade sem sentido e me transporte para um mundo que sequer existe.

Abro uma página. Leio um parágrafo. Mais um. Um terceiro. Quando dou por mim, estou divagando a respeito de qualquer coisa que não é o livro. É ela. Só pode ser ela.

Mas quem é ela e o que fez de mim? Por que ela e por que assim?

Música! Talvez uma música seja aquilo que preciso para apaziguar a alma. Aperto o play. Uma música tranquila, calma. Tudo o que preciso. Quando dou por mim assovio. Estou no ritmo da música. Quando por acaso o volume silencia, meus pensamentos sussurram: essa música me lembra ela.

Não! Não pode ser! O que eu faço? O que eu devo fazer?

Talvez só me reste sentar na calçada, no frio, olhando as estrelas, contemplando a lua e pensar nela. Talvez eu só devesse chorar. Talvez só assim eu me concentre na verdade que tento fugir e me trago de volta pra mim.

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