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Dignidade

Não sou digno que a felicidade sorria para mim. Perceba que eu disse que não sou digno e não sou merecedor. É que a felicidade é fim último de todos e todos, sem exceção a merece. Mas ser digno de felicidade é diferente. Só é digno da felicidade aquele que possui bravura. É aquele que não tem medo dos nãos e das portas fechadas. Aquele que cria as condições ou, pelo menos, tenta criar os meios de atingi-la.  A felicidade é passiva. Você quem deve ir atrás dela e não esperar que ela aconteça. A felicidade se constrói enquanto se vive, não é um estado de graça, que uma vez atingido, permanece. Ela é como a própria vida. Ela até paira por nós, mas só de fato vive àquele que escolhe os próprios caminhos.  Só é feliz quem vive. Só vive quem é feliz. Os demais, se contentam com a efêmera sensação de ser feliz, só porque, num dia de céu claro, um leve sorriso foi visto no espelho.

Sábado

Fim de noite de sábado. Sentado no sofá, entediado, a procura de um preenchimento qualquer para as ideias, ligo a TV a procura de algo que me entretenha. Pela falta de taça, em uma caneca qualquer, repousa um pouco de cerveja.

Por mais que o âmago ansiasse por algo diferente, pelo conjunto da obra, restou a melancolia de rememorar um passado, que embora difícil, fora regado por boas lembranças. Rever hoje, já adulto, um programa de TV que eu assistia quando criança, faz-me recordar os bons momentos, quando, pela grade da TV aberta, eu sabia qual era o dia da semana e, pelas propagandas, aguardava com certa ansiedade a programação que viria após a novela.

Esse exercício de visitar o passado, sendo sincero, não me é muito habitual. Claro, que durante conversas, relembro histórias e eventos que me marcaram, a ponto de não ser preciso me esforçar para rever os detalhes e os sentimentos daquela época, mas com esses incentivos sensoriais, de ver na tela o que eu via, me faz lembrar pequenos momentos que, sem razão aparente, passam despercebidos.

Tranquilidade, esperança, sonhos, objetivos. É isso que me vem em mente quando olho para minha criança interior. Naquela época, eu não poderia imaginar as mudanças que as mídias, a sociedade e eu sofreria. Não poderia imaginar as dificuldades que a vida adulta me traria, mas desejava que o meu eu futuro não perdesse a essência de criança. O desejo por conhecer e questionar as coisas, por ser divertido e se divertir.

Não posso afirmar com certeza, não tenho essa clareza ainda, se ainda possuo a mesma essência daquela criança, mas sinto-me, muitas vezes, como aquele pimpolho. Se sempre será assim, não sei. Só sei que nessa noite de sábado, com a TV ligada num canal de reprises, um pouco de cerveja na caneca e apenas a minha própria companhia, espero que os dias acompanhados sejam tão satisfatórios quanto a infância sem preocupações.

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