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Último Texto

Dignidade

Não sou digno que a felicidade sorria para mim. Perceba que eu disse que não sou digno e não sou merecedor. É que a felicidade é fim último de todos e todos, sem exceção a merece. Mas ser digno de felicidade é diferente. Só é digno da felicidade aquele que possui bravura. É aquele que não tem medo dos nãos e das portas fechadas. Aquele que cria as condições ou, pelo menos, tenta criar os meios de atingi-la.  A felicidade é passiva. Você quem deve ir atrás dela e não esperar que ela aconteça. A felicidade se constrói enquanto se vive, não é um estado de graça, que uma vez atingido, permanece. Ela é como a própria vida. Ela até paira por nós, mas só de fato vive àquele que escolhe os próprios caminhos.  Só é feliz quem vive. Só vive quem é feliz. Os demais, se contentam com a efêmera sensação de ser feliz, só porque, num dia de céu claro, um leve sorriso foi visto no espelho.

Botando o Papo em Dia

Olá, eu. Tudo bem? Há um bom tempo que não nos falamos não é mesmo? Tenho sentido a sua falta, embora o distanciamento que há entre nós seja bem menor do que era a tempos atrás. Como eu sou você e você sou eu, eu sei que você sente falta de companhias terceiras, não necessariamente uma figura em específico, mas aquela sensação de se sentir pertencente a algo maior. Sei que sente falta de falar, expressar, dividir, seja tempo, seja comida, seja aflições. Hoje nós sabemos que cada um tem vivido os seus próprios mundos, muitas vezes seus próprios pesadelos e, seja consciente ou inconscientemente, acabam não oferecendo a você aquilo que você também oferece de volta. Um pouco desse sentimento que você tem, com certeza se dá ao fato de sentir que, lá atrás, as coisas eram mais legais, a conexão de internet era ruim, então fazia-se necessário que as conexões humanas fossem mais robustas e que hoje, apesar da grande facilidade de interação, estamos cada vez mais intimistas. De todo modo, eu, faz-se necessário que tenhas uma elasticidade emocional maior. Lembre-se que, não é porque alguém gosta de você que vocês precisam ficar grudados o tempo todo. É fato que a companhia de algumas pessoas alivia uma série de incômodos que te aflige, mas nem por isso a vida deve girar em torno dessa companhia né? Tudo bem que seus planos nem sempre podem ser concretizados, afinal de contas, algumas vezes, depende de um alinhamento cósmico com as agendas alheias, mas mesmo assim, passar um dia no tédio não vai te fazer mal. Seria importante que você passasse um tempo a mais comigo, sabe, eu? Mergulhar profundamente naquilo que a gente gosta de fazer, a ponto de querer explodir querendo contar numa roda de conversa. Somos muito interessantes, só não sabemos pentear os cabelos ou combinar a roupa de uma maneira que agrade mais aos olhos.

Sabe, eu, talvez estejamos com pressa demais para que a vida aconteça e nem estamos agindo na mesma proporção. Talvez esteja ao nosso redor uma quantidade gigantesca de informações que a gente quer abraçar de uma vez, sabe? Quantos livros você quer ler no ano? E quantos cursos você quer fazer? E aquela graduação que te chamou atenção, ao mesmo tempo que aquela pós-graduação também chamou? E aquele emprego? E aquele outro emprego? É tanta coisa pra se dá conta que você esquece do mais importante: de mim. Ora, eu, talvez você não tenha entendido Santo Agostinho. A gente tá procurando o preenchimento fora de nós mesmos e onde é que ele tá? Tá em nós mesmos. E assim Deus se faz presente em nós e nós em Deus. Parece tão simples compreender essa filosofia, mas a gente tá complicando ela demais. A gente precisa, de vez em quando, simplesmente sentar no sofá, ligar a TV, concentrar no filme/série/vídeo/trailer/música, ouvir o barulho da panela de pressão no fundo, que de tanto perceber pode até se confundir com o barulho da chuva e esquecer do mundo. Aí estaremos em companhia de nós mesmos, aproveitando qualquer coisa que não seja nada. Ora, eu. Se queria fazer algo diferente, poderia ter convidado alguém a fazer. Sei que de vez em quando a gente espera ser lembrado sem razão aparente para lembrança e convidado a fazer alguma coisa, mesmo que essa coisa seja nada, mas lembre-se: qual é o seu papel na vida de cada um? E tá tudo bem. Simplesmente não se abale pela carência. É normal, é humano, é esperado até. Olha o quanto as coisas já melhoraram e o quanto ainda melhorarão, a vida não estagnou e você chegou até aqui com honras e méritos, oras bolas! 

Então, eu, siga seu próprio conselho, bota essa bunda no sofá, escolha um filme bem despretensioso, dê play e aproveite esse momento íntimo consigo mesmo. Amanhã é outro dia, e não sabemos o que o destino nos reserva!

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