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Último Texto

Dignidade

Não sou digno que a felicidade sorria para mim. Perceba que eu disse que não sou digno e não sou merecedor. É que a felicidade é fim último de todos e todos, sem exceção a merece. Mas ser digno de felicidade é diferente. Só é digno da felicidade aquele que possui bravura. É aquele que não tem medo dos nãos e das portas fechadas. Aquele que cria as condições ou, pelo menos, tenta criar os meios de atingi-la.  A felicidade é passiva. Você quem deve ir atrás dela e não esperar que ela aconteça. A felicidade se constrói enquanto se vive, não é um estado de graça, que uma vez atingido, permanece. Ela é como a própria vida. Ela até paira por nós, mas só de fato vive àquele que escolhe os próprios caminhos.  Só é feliz quem vive. Só vive quem é feliz. Os demais, se contentam com a efêmera sensação de ser feliz, só porque, num dia de céu claro, um leve sorriso foi visto no espelho.

Caneta e Papel

Eu não tenho ideia se eu me apaixonei ou se apenas me apeguei ao fato de ter alguém com quem falar. Alguém que eu pudesse ouvir. Alguém que me acompanhasse nas minhas loucas aventuras de apenas viver. Em alguns momentos, apenas existir.
É estranho sentir falta de um alguém que se encontra logo ali, mas estranho ainda é não ter a certeza se é um "logo ali" de mineiro ou se é alguém, de fato, acessível.

A vida é um tanto quanto estranha no desenrolar de seus dias. Num período, seja breve ou longo, tudo é presença. No dia seguinte, instaura-se a ausência e o ruidoso silêncio. Tudo se transforma em memória. Talvez eu tenha o privilégio, de muitas dessas memórias, serem boas, construtoras de meu jeito leve de ver a vida e do meu senso de humor duvidoso. Talvez eu tenha o privilégio de, volta e meia, conseguir transmitir para o papel os sentimentos e ilusões que se reúnem em uma cabecinha pequena, mas criativa até.

A grande dificuldade de se saber quando agir e como agir, pode, muitas vezes, ser o fator determinante para os arrependimentos e frustrações. Talvez viver de certezas seja um jeito muito simplório e desajeitado de levar a vida. Precisamos correr riscos. Precisamos investir o máximo que temos, e claro, entender que a falha pode ser o resultado aparente que a gente nem sequer vislumbra. Sem os baixos, o alto seria apenas plano. Uma sequência interminável de algo que se não há oposto, não tem muito valor. A alegria só é maravilhosa porque sucede e precede uma tristeza. O calor só existe porque também existe a falta do calor (achou que eu ia dizer frio, né?). Tudo que é bom, só é bom, porquê o que é ruim também existe.

Ter acesso a ficções científicas sobre viagem no tempo, volta e meia me faz imaginar uma visitinha rápida para ver como as coisas estão. Receber as dicas de quem é que eu devo me aproximar e quem eu não preciso recear o flerte. Mas logo em seguida me pego imaginando a falta de graça de se viver uma vida certa, sem medos, sem frustrações. Não que essa parte da vida seja boa, mas é ela quem faz a boa ser boa, entende?

O fato é que, querendo ou não, não olhei em teus olhos e te convidei para um piquenique no parque. Tampouco questionei se suas funções vitais se alteravam ou se sua imaginação parava em mim sem motivo aparente. Simplesmente deixei com que as coisas fossem como fossem. Talvez elas não fossem como pensei que fosse, e aí agi de modo completamente inesperado. 

Nesses casos só nos restam as suposições, as imaginações, a caneta e o papel.

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