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Último Texto

Dignidade

Não sou digno que a felicidade sorria para mim. Perceba que eu disse que não sou digno e não sou merecedor. É que a felicidade é fim último de todos e todos, sem exceção a merece. Mas ser digno de felicidade é diferente. Só é digno da felicidade aquele que possui bravura. É aquele que não tem medo dos nãos e das portas fechadas. Aquele que cria as condições ou, pelo menos, tenta criar os meios de atingi-la.  A felicidade é passiva. Você quem deve ir atrás dela e não esperar que ela aconteça. A felicidade se constrói enquanto se vive, não é um estado de graça, que uma vez atingido, permanece. Ela é como a própria vida. Ela até paira por nós, mas só de fato vive àquele que escolhe os próprios caminhos.  Só é feliz quem vive. Só vive quem é feliz. Os demais, se contentam com a efêmera sensação de ser feliz, só porque, num dia de céu claro, um leve sorriso foi visto no espelho.

Sentimentalismo

Com a proximidade da data do meu aniversário, às vezes, tendo a ficar um pouco reflexivo a respeito da vida e do seu desenrolar. Quem me conhece mais de perto sabe que, em uma certa medida, sou um pouco sentimental. Quem não me conhece, agora tá sabendo. Alguns de vocês, ou quem sabe a grande maioria, devem ter como ponto de vista que os sentimentos são uma fraqueza humana. Já eu me sinto privilegiado pela capacidade de sentir. De saber e querer demonstrar, de por pra fora o meu apreço pelas pessoas.

Eu só reuni amigos para celebrar o meu aniversário algumas vezes. Duas ou três vezes, quando eu tive a vontade de chamar um grupo de pessoas para celebrarem a data comigo. Quem já esteve presente em algumas dessas reuniões, sabe que eu gosto de "fazer um discurso" que abre a comemoração, ao mesmo tempo que me abre a oportunidade de dizer a todo o conjunto aquilo o que eu gostaria de dizer no dia a dia, mas a falta de um subterfúgio, ou me envergonha, ou soa fora de propósito. 

A nossa dinâmica social moderna, baseada em fotos, vídeos e exposição de momentos, muitas vezes me deixa frustrado, porque numa mesa, com quase trinta pessoas, a maioria delas estarão, hora ou outra, no celular. E eu não sou diferente de ninguém. Seja por hábito ou por necessidade real, eu também me entrego ao prazer de uma "olhadela" no celular enquanto ao meu redor o mundo se desenrola. Vai soar um pouco hipócrita o que vou dizer a seguir, mas é real: eu sinto falta de uma dinâmica mais profunda, de um olho no olho, de uma conversa descompromissada, ao mesmo tempo que ela diz algo sobre nosso jeito de ver o mundo ou de enxergar aos outros e a si mesmo. 

Crítica feita a mim mesmo e ao meu grupo de amigos, volto ao tema do texto, que é o sentimentalismo. Quando ouvimos alguém dizer "fulano é sentimental demais", muitas vezes, vem num tom pejorativo essa expressão. Muitas vezes com razão, pois denota que o fulano não tem tanto equilíbrio emocional para lidar com críticas e situações de estresse. Porém, eu gostaria de que também pudesse ter o sentido de que fulano sabe o valor dos sentimentos e sabe que é importante expressá-los, pois dessa forma, permitirá que o mundo compreenda o compreenda e reaja adequadamente as necessidades emocionais de quem expressou. Imagine a utopia de viver numa sociedade em que "pisar em ovos" para lidar com alguém fosse casos raros?!

Bem, amigos ("- Galvão! - Fala Tino. - Sentiu!) eu gosto de ser sentimental, de demonstrar sentimentos, demonstrar afeto. Nem sempre o faço de forma verbal, íntima e direta. Algumas vezes eu demonstro isso irritando a pessoa, por exemplo. E isso não quer dizer que eu seja mais fraco ou mais forte que ninguém ou que eu seja bobo e ingênuo e não saiba nada sobre a vida e relações humanas. Muitas vezes, eu escolho "ser bonzinho" porque acredito no poder da simpatia, da empatia e da capacidade de ouvir. Não quer dizer que eu não sinta raiva, nem chateação para com as pessoas. Sinto. Porém sempre reflito a respeito do porquê estou com raiva ou chateado, muitas vezes, só tivemos nossas expectativas quebradas e às vezes, a outra pessoa nem sabe que a gente esperava algo dela.

Concluindo: se não puderem adotar o diálogo e a expressão dos seus sentimentos com o mundo todo, tente, pelo menos tente, demonstrar e conversar a respeito com aquelas pessoas que você pretende ter uma relação duradoura. - E não tô me referindo aqui a relações românticas, hein! - Não tenham medo de se mostrarem frágeis, vulneráveis. Àqueles que realmente se importam conosco, por mais que tenham dificuldade em ouvir e assimilar algumas críticas que receberão de nós, elas vão fazer o melhor que puderem para permanecerem e deixar a relação leve. Eu me chateio com as pessoas que se orgulham de dizerem que são "difíceis" ou que "possuem a personalidade forte". Na maioria das vezes, é só uma defesa que criaram para que os seus sentimentos não a machuquem.

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