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Último Texto

Dignidade

Não sou digno que a felicidade sorria para mim. Perceba que eu disse que não sou digno e não sou merecedor. É que a felicidade é fim último de todos e todos, sem exceção a merece. Mas ser digno de felicidade é diferente. Só é digno da felicidade aquele que possui bravura. É aquele que não tem medo dos nãos e das portas fechadas. Aquele que cria as condições ou, pelo menos, tenta criar os meios de atingi-la.  A felicidade é passiva. Você quem deve ir atrás dela e não esperar que ela aconteça. A felicidade se constrói enquanto se vive, não é um estado de graça, que uma vez atingido, permanece. Ela é como a própria vida. Ela até paira por nós, mas só de fato vive àquele que escolhe os próprios caminhos.  Só é feliz quem vive. Só vive quem é feliz. Os demais, se contentam com a efêmera sensação de ser feliz, só porque, num dia de céu claro, um leve sorriso foi visto no espelho.

Retrospectiva

Todas as vezes em que me ponho a escrever, eu desejo que aqueles que me leem, os que leem de verdade, que se conectam com o que escrevo, pudessem ter acesso a versão mental do que acaba chegando ao papel. Sempre antes de publicar, eu falo comigo mesmo, dito as minhas palavras, na tentativa de sentir o que falo e falar o que sinto. Tudo que escrevo é fruto de reflexões, que muitas vezes, se remoeram em mim durante dias. Nem todas elas chegam ao papel e acredito que essas que não chegaram, eram os melhores textos.

O fim de ano é época perfeita para se refletir sobre a vida. Sobre os planos que foram feitos no início do ano, sobre quem eu era e quem me tornei, sobre o que de bom e de ruim aconteceu. É como se a gente fizesse a retrospectiva da Globo, mas o assunto: nós mesmos. Um evento que ocorreu no ano que finda pode ter sido o divisor de águas que marcou a história. Seja a nossa própria ou de um desconhecido qualquer que teve a vida impactada por uma decisão que você tomou.

Quando olho pra trás na minha história, percebo quanta coisa mudou. Quanto mais distante no passado, mais diferente eu ou minha realidade se tornou e a medida que se caminha na seta do tempo, em direção ao presente, as mudanças vão se tornando sutis, a ponto, às vezes, de nem serem notadas até que se olhe o cenário por ângulos diferentes dos que olhamos no nosso dia a dia. Talvez precisemos todos de um exercício de retrospectiva um pouco mais frequente para percebermos o quanto caminhamos em direção a algum lugar.

Esse ano fatos que nem estavam diretamente relacionados a mim me impactaram de uma maneira que jamais imaginei que poderia impactar. Pela primeira vez - talvez soe arrogante o que eu tenho a dizer - percebi que assim como qualquer outro, estou sujeito as adversidades biológicas que a gente, no auge da juventude, nem imagina que possa sofrer, como bom jovem que somos, nos sentimos imortais. Mas aí vem a vida e te pergunta: R$ 2,00 ou uma doença misteriosa? E voi la, é preciso lidar com a fragilidade da vida. Tenho me cuidado o suficiente para ter, pelo menos, força de vontade para encarar as mazelas que possam surgir?

Mas não só de sustos vive o homem. Você também se depara com eventos positivos que te fazem enxergar a vida com uma positividade gigantesca. É como quando sua irmã se casa e a felicidade estampada no rosto dos noivos te faz perceber que o amor existe sim, ele só não se apresenta como as histórias dignas de produções hollywoodianas, ele tá ali, presente nas pequenas coisas que o casal divide. E talvez seja esse o segredo, o amor é sempre dividido, compartilhado, nunca é egoísta ou megalomaníaco. Fica aí a dica pra você que ama desmedidamente e em troca recebe menos que o mínimo.

E tem também a alegria das pequenas coisas. Uma meta literária cumprida, uma meta financeira alcançada, um rolê aleatório em que todos, sem exceção, se divertiram e terão como lembrança aquele dia em que nada extraordinário aconteceu, apenas houve risadas, boas histórias e lembranças que se retroalimentarão deixando com saudade a todos que a experimentaram. Tem a surpresa por ter lido aquele livro que julgou pela capa ou aquela amizade que você não foi com a cara num primeiro momento. Tem as verdades que ouviu de um amigo próximo, que num primeiro momento te chateia, mas depois te faz reavaliar suas ações. Tem até mesmo decepções que te fazem evoluir.

Em nossos dias há prós e contras. Tempestades e bonanças. Problemas e soluções. Solidão e companhia. É assim a vida. A gente precisa dos baixos para aproveitar os altos e dos altos para aguentar os baixos. Somos frutos de nossas experiências de vida, experiências sensoriais, dos nossos círculos de convívio e de nossa autoaceitação. É, eu sei, é muito clichê. Mas também é muito verdade. E é por isso que quando olho no espelho costumo me perguntar se estou satisfeito com quem eu tenho sido e me pergunto o que posso fazer para fazer do meu mundo particular o melhor que posso. E não pergunto isso a mim mesmo com egoísmo, mas com vontade de fazer melhor pra mim e para os demais.

Não sei se sou aquele que eu almejo ser e nem sei se me tornarei. Não sei se me enxergam como eu gostariam que enxergassem ou se simplesmente nem me notam. Só sei que olhando pra trás em minha história, vejo que estou em um caminho do qual orgulho e espero fazer a diferença nesse caminho para mim mesmo e quem quer que me acompanhe.

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