Enamoro-me todos os dias das fantasias que crio. Quando me dou conta da realidade, deprimo-me como se esse fosse o fim do mundo. Talvez, então, meu mundo se acabe todos os dias, pois todos os dias fantasio esperanças e todos os dias a realidade bate à porta. Muito raramente a fantasia me faz um afago. Isso acontece quando vejo uma criança brincando, despreocupada, à moda antiga, na rua ou no parque, com o sorriso mais contagiante que existe no mundo. Quando um cachorro, abanando o rabo de alegria, saltita de um lado para o outro, eufórico porque o dono afinou a voz chamando seu nome. Talvez eu devesse adotar um cachorro. A fantasia me afaga quando, em pleno dia útil e horário de pico, o canto dos pássaros soa mais alto que o barulho dos automóveis. O canto da liberdade de ir e vir, da confiança em suas asas, podendo então pousar em qualquer galho, sem medo da queda. Então a realidade bate: tic-tac, ainda é segunda-feira, duas da tarde.
Mas o que seria de nós se não fossem as nossas fantasias? Como enfrentar a crueza e dureza da vida sem a esperança de que, um dia, estaremos livres para viver conforme nossos sonhos? Então, sim, me enamoro de minhas próprias fantasias porque talvez sejam elas a inspiração que gira o mundo me colocando nos caminhos certos para que eu me apaixone por uma realidade fantástica! Uma realidade existente, mas tão cheias de pássaros, crianças e cachorros que pareça mentira. Uma realidade em que uma tarde de segunda-feira e uma noite de sexta, sejam indistintas, não porque são horários sem obrigações, mas porque, seja o horário que for, eu esteja satisfeito com tudo que sou e fiz.
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