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Último Texto

A Casa

No alto daquele morro havia uma casa abandonada. Vozes eram ouvidas sussurrando e gemendo. Luzes brilhavam nas janelas, morcegos voavam pelos quintais e, nos jardins, borboletas-bruxas sugavam todo fonte de vida que existia nas flores. Nenhum ser humano tinha coragem de se aproximar dessa humilde casa abandonada. Às três da manhã, ouvia-se uivos sombrios e miados que pareciam vozes pedindo socorro. Ninguém sabia dizer porquê, mas aquela casa era o lar de todos os gatos pretos da região. Algumas pessoas diziam que ao redor daquela casa, mesmo durante o dia, tudo era escuro. Ela parecia ter saído de um livro de terror. Um dia, nosso aclamado herói resolveu por a prova a lenda que circulava pela cidade: de que aquela era uma casa mal assombrada. Ele não era o mais corajoso dos homens que já vivera naquela cidade, mas não se conformava de que uma simples casa era temida por toda uma população. Estava decidido: iria visitar a casa. Seus amigos, achando graça daquilo, insistiram que, já qu

Grave Problema

Eu tenho um grave problema, que por vezes, faz de mim o mais infeliz dos homens. Esse mal, talvez, seja o responsável pelo meu desejo de escrever, porque, pelo menos, no papel, a vida pode ser exatamente como eu gostaria que fosse. Quando escrevo, eu controlo o clima, a passagem de tempo. Posso fazer de um pecador um santo e todas as mazelas podem se desfazer num instante. No papel, por exemplo, posso dizer sem receio que me apaixonei por você no primeiro instante em que te vi. De costas, passando por mim, sem nem sequer saber que eu existia, sem ter me visto. Mas eu te vi, e ao te ver, senti. E assim que senti, meu mal se fez presente e no giro do ponteiro dos segundos, já imaginei a felicidade plena. Enredo maravilhoso, não é? Seria se a vida real fosse como as fantasias que crio e todos os personagens, inclusive o clima, seguissem o roteiro que eu repassei em minha cabeça. Quando despertei do sonho lúcido, você estava com outro. Se eu controlasse a vida como controlo a fantasia, um raio teria caído sobre a minha cabeça. 

Seria o destino dramaticamente cruel que eu escolheria para acabar de vez com qualquer chance de que eu pudesse fantasiar acordado uma felicidade que nem sonhando eu já conquistei.

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