Uma Noite Qualquer

Era uma caminhada de aproximadamente vinte minutos.
Bem antes dos vinte minutos, eu já havia checado o telefone, pelo menos, umas quatro vezes, imaginando se havia alguma notificação. Não conversei com ninguém o dia todo. Tola expectativa.
Sentei-me em uma sorveteria com a ideia de observar, esperando que algo me inspirasse a escrever, dessa vez, em um caderninho, à mão, assim como os Maias.
Optei por manter os fones de ouvido, enquanto escutava, vez ou outra, os sons vindos de uma igreja e trechos de uma conversa do pessoal da mesa ao lado.
Choveu.
Definitivamente Michael Jackson não combina com Montes Claros em um sábado à noite.
Encarei a vasilha onde estava o sorvete, lamentando, quase que na mesma proporção em que o saboreei, porque sei que deveria ingerir menos açúcar já que tenho a pretensão de viver a vida sem a necessidade de sobreviver à base de remédios.
Li hoje uma frase que dizia, e aqui não vou transcrever com exatidão, que o nosso cérebro não é afeito à novidades, porque ele não sabe lidar com o que está por vir, por isso se sabota.
Será que o meu cérebro tem aversão a uma vida saudável?
Acho que a internet parou. Meu fone se calou.
Ouço um forró tocando e o pessoal na mesa ao lado discutindo sobre as diferenças na criação. Não entendi se foram criações diferentes entre si ou com relação a um terceiro não presente.
Casais surgem a todo momento, de todos os cantos, de todos os jeitos. 
Me pergunto quantos deles estarão juntos daqui a cinco anos.
Todos, quem sabe?
Não por acaso meu fone voltou a tocar com a música Don't Stop Believin'. Um sinal, talvez.

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