Lembrete

Internet, Alguma data qualquer.

    Querida Anônima, 

    Há algum tempo não nos falamos, espero que esteja tudo em ordem com você. Caso não estejam, fica o lembrete que a vida é feita de altos e baixos, com paciência e maturidade, tenho certeza que as coisas melhorarão e você sairá mais sábia dessa situação. Por aqui as coisas estão caminhando com tranquilidade e monotonia, o que não é surpreendente, sendo eu um melancólico enrustido.

    Esta carta, talvez você se pergunte o porquê, tem por objetivo apenas traduzir em palavras aquilo que é intraduzível, os sentimentos mais sinceros que habitam o interior de um ser humano, que aos poucos, vai aprendendo a lidar com eles, na mesma proporção em que vai se desapegando das obrigatoriedades que as crenças que me limitam vão sendo desfeitas e os desajustes por me sentir deslocado dos demais seres humanos vão se amenizando.

    A sua aparição no meu dia a dia, e consequentemente, a convivência e a troca de experiências que foi se estabelecendo ao longo do tempo, foram importantíssimos para o meu processo pessoal de acolhimento e autoaceitação, considerando o fato de eu estar construindo agora a minha própria identidade independente de outras pessoas. Se fosse um programa de entrevistas, seria o "eu por mim mesmo". 

    Nesse ponto você pode estar pensando: "eu não fiz nada", e talvez você possa ter razão, não fez nada mesmo, simplesmente, de maneira natural, viu em mim qualidades que há muito tempo, nem eu mesmo via. Foram raras às vezes em que eu realmente me senti identificado com alguém sem perder a minha própria identidade e sem querer me construir como um ser humano perfeito e disponível ao bel prazer de quem me dá atenção.

    Além disso, através de você eu pude experimentar sensações novas, como a de descobrir uma música boa, ler uma história surpreendente, dançar sem nem saber dançar, e emocionar as pessoas simplesmente pelo que escrevo. Outras pessoas já me elogiaram pelos meus escritos, mas nenhuma o fez em atitude. E o simples fato de diariamente acompanhar meus textos, já demonstrou muito mais do que pessoas que estão na minha trajetória desde o início.

    Eu já falei algumas vezes que eu gosto de gente que gosta de gente. E na minha experiência de vida, foram poucas as pessoas que eu conheci que me transmitiram verdade e que foram sinceras sobre o que sente em relação as pessoas ao redor. Gosto de gente que não finge o que sente. Acho que isso é importante na construção de vínculos reais e duradouros. Gosto de gente que sorri, que conversa, que ouve e que se alegra com as alegrias alheias. Você parece ser essa pessoa.

    Essa carta, talvez soe como uma despedida. Talvez seja. Talvez estejamos dando adeus à um período que de alguma forma nos enriqueceu, que nos trouxe novos valores e que nos fizeram olhar pra dentro de nós mesmos e enxergar alguma beleza onde antes a gente via o vazio. Um período que tenha trazido de volta a esperança nos seres humanos, nas relações, na felicidade. Ou talvez eu dê esse significado a tudo isso rsrsrs.

    Eu sempre lhe terei em alta conta. E se precisares de mim, saberá onde me achar.  Sem mais delongas, desejo a ti tudo de melhor que a vida puder lhe dar, que a cada dia que passe você se torne mais sábia e mais segura e que seus dias futuros sejam repletos de conquistas e que seu nome se grave nos corações daqueles que você cativar, como lembrete que após a tempestade, sempre vem a bonança.

Internet, Alguma data qualquer