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Dignidade

Não sou digno que a felicidade sorria para mim. Perceba que eu disse que não sou digno e não sou merecedor. É que a felicidade é fim último de todos e todos, sem exceção a merece. Mas ser digno de felicidade é diferente. Só é digno da felicidade aquele que possui bravura. É aquele que não tem medo dos nãos e das portas fechadas. Aquele que cria as condições ou, pelo menos, tenta criar os meios de atingi-la.  A felicidade é passiva. Você quem deve ir atrás dela e não esperar que ela aconteça. A felicidade se constrói enquanto se vive, não é um estado de graça, que uma vez atingido, permanece. Ela é como a própria vida. Ela até paira por nós, mas só de fato vive àquele que escolhe os próprios caminhos.  Só é feliz quem vive. Só vive quem é feliz. Os demais, se contentam com a efêmera sensação de ser feliz, só porque, num dia de céu claro, um leve sorriso foi visto no espelho.

O Crepúsculo

Um longo dia de trabalho vagarosamente chegava ao fim, quando, equipado de minha bicicleta, pus-me em caminho de casa.


O horário do fim do expediente, no trânsito, é sempre caótico e corrido, mas hoje não parecia um fim de dia útil. O trânsito estava calmo, ninguém com muita pressa. Foi um dia atipicamente normal. 

Enquanto pedalava foi possível observar de relance a vida alheia, o cenário, sentir o vento no rosto e até notar que o percurso, em que antes havia uma barreira, estava liberado. Novo semáforo instalado. Tudo corria como se espera de uma sociedade que se desenvolve. Mas não foram essas alterações que me chamaram atenção.  


O clima, o cenário, as pessoas, embora fossem todos os mesmos, estavam diferentes. Nesse ponto, cheguei na altura do percurso onde os prédios não tem vez e ver mais longe é possível, que notei os grandes morros que cercam a cidade e a coloração diferenciada que cercava todo o ambiente. Parei a bicicleta e ao olhar pra trás, estava lá, imponente e grandioso o pôr do sol. 


Cobriu a todos nós de um amarelo ouro, transformando-se em vermelho, mudando a tonalidade das superfícies e deixando tudo mais calmo. 


O sol escondido dizia: “Ei, por favor, parem um minuto e olhem pra mim. Não esqueçam a beleza da natureza ao seu redor. Parem, respirem, sintam a tranquilidade de, por um minuto, não se ter preocupações”. 


Enquanto eu olhava ao redor a beleza que se estampava em tudo e todos, que, normalmente são imperceptíveis, parecia que o mundo havia parado. Naquele momento, não havia mais nada que eu pudesse ou quisesse fazer, apenas olhar o pôr do sol. 


De repente uma buzina soou. Acordei do meu sonho lúcido, olhei pra frente e de repente, tudo era igual, ninguém notara a maravilha que acabava de se passar e corriqueiros e atipicamente calmos, cada um seguia sua vida.

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