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Último Texto

Admiração

Admiro os poetas que escrevem, Com métricas, estrofes e rimas, Que fazem da caneta e do papel, Ferramentas de sua obra-prima. Admiro aqueles que ao lerem poesia, Respeitam a cadência, o sentimento, a melodia, Que apenas com o tom de voz, Eleva a beleza à nós. Admiro os que vivem a vida poeticamente, Que sabem com certeza o ser que são, Não são prisioneiros da mente, Quando chegada a hora, simplesmente vão. Admiro os que admitem  Que não sabem quem são, Pois se tornaram conscientes,  Da sua limitação. O que sou eu então, Se minhas rimas são bobas, Meus amores impossíveis, E se só sei o que não sou? Talvez eu seja isso: De toda uma vida, Um mero admirador.

O Crepúsculo

Um longo dia de trabalho vagarosamente chegava ao fim, quando, equipado de minha bicicleta, pus-me em caminho de casa.


O horário do fim do expediente, no trânsito, é sempre caótico e corrido, mas hoje não parecia um fim de dia útil. O trânsito estava calmo, ninguém com muita pressa. Foi um dia atipicamente normal. 

Enquanto pedalava foi possível observar de relance a vida alheia, o cenário, sentir o vento no rosto e até notar que o percurso, em que antes havia uma barreira, estava liberado. Novo semáforo instalado. Tudo corria como se espera de uma sociedade que se desenvolve. Mas não foram essas alterações que me chamaram atenção.  


O clima, o cenário, as pessoas, embora fossem todos os mesmos, estavam diferentes. Nesse ponto, cheguei na altura do percurso onde os prédios não tem vez e ver mais longe é possível, que notei os grandes morros que cercam a cidade e a coloração diferenciada que cercava todo o ambiente. Parei a bicicleta e ao olhar pra trás, estava lá, imponente e grandioso o pôr do sol. 


Cobriu a todos nós de um amarelo ouro, transformando-se em vermelho, mudando a tonalidade das superfícies e deixando tudo mais calmo. 


O sol escondido dizia: “Ei, por favor, parem um minuto e olhem pra mim. Não esqueçam a beleza da natureza ao seu redor. Parem, respirem, sintam a tranquilidade de, por um minuto, não se ter preocupações”. 


Enquanto eu olhava ao redor a beleza que se estampava em tudo e todos, que, normalmente são imperceptíveis, parecia que o mundo havia parado. Naquele momento, não havia mais nada que eu pudesse ou quisesse fazer, apenas olhar o pôr do sol. 


De repente uma buzina soou. Acordei do meu sonho lúcido, olhei pra frente e de repente, tudo era igual, ninguém notara a maravilha que acabava de se passar e corriqueiros e atipicamente calmos, cada um seguia sua vida.

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