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Último Texto

Dignidade

Não sou digno que a felicidade sorria para mim. Perceba que eu disse que não sou digno e não sou merecedor. É que a felicidade é fim último de todos e todos, sem exceção a merece. Mas ser digno de felicidade é diferente. Só é digno da felicidade aquele que possui bravura. É aquele que não tem medo dos nãos e das portas fechadas. Aquele que cria as condições ou, pelo menos, tenta criar os meios de atingi-la.  A felicidade é passiva. Você quem deve ir atrás dela e não esperar que ela aconteça. A felicidade se constrói enquanto se vive, não é um estado de graça, que uma vez atingido, permanece. Ela é como a própria vida. Ela até paira por nós, mas só de fato vive àquele que escolhe os próprios caminhos.  Só é feliz quem vive. Só vive quem é feliz. Os demais, se contentam com a efêmera sensação de ser feliz, só porque, num dia de céu claro, um leve sorriso foi visto no espelho.

Nadas

Deitado eternamente em berço esplêndido, podemos contemplar o céu que nos cobre, a imensidão azul, que vista através do horizonte, engole a tudo e a todos. Até mesmo em meio a selva de pedras, se fosse possível deitar no chão, sem os riscos de ser pisoteado ou atropelado, a sensação, se fixado os olhos nesse céu que brilha, seria de estar caindo rumo ao nada.

Nada. Esse é nosso destino. O nada. Argumentarão alguns, que quando vencido nosso prazo, contemplaremos as maravilhas dos Céus ou sofreremos as punições dos infernos. Para alguns, a vida é um inferno, para outros, uma benção. Com certeza não é um inferno, porque imagino eu, que o inferno não permita sequer uma oportunidade de se desfrutar as belezas e graças dos convívios e das naturezas.

Talvez o nada seja apenas a consequência de querermos tudo. Tudo posso, mas nem tudo me convém, mas me esforço pelo tudo, então tenho nada. Tudo que somos é o nada. Somos todos iguais, mas rotularam e dividiram as pessoas, eras atrás, e então somos aquilo que temos e se não temos nada, então somos nada. Tenho tempo, mas o tempo não é nada, então vendo o nada que tenho em busca de algo e quanto mais sinto que tenho algo, mais vazio eu sou, porque perco o que me é importante e o que é importante, geralmente é quase nada.

Deixo para quando eu tiver riquezas me permitir os prazeres daquilo que hoje eu posso ter sem gastar nem um tostão. Então me vejo no topo da minha pilha de dinheiro, longe de todos aqueles que um dia se importaram comigo, e eu, em prol do bem de cada um, deixei de lado porque eu não era nada e precisava me esforçar pra ser alguém. E continuo sendo nada.

E assim vou perdendo a oportunidade de deitar no chão e observar a grande imensidão do céu azul, que reforça a minha insignificância. E acessando essa insignificância, teria alcançado o sentido de tudo: somos seres insignificantes, realizando uma sucessão de nadas e em cada nada, está aquilo que faz de nós quem somos - seres humanos como todos os outros.

Comentários

  1. se somos nada e temos nada, pq nos importamos tanto com o que os outros pensam?

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