Dignidade
Não sou digno que a felicidade sorria para mim. Perceba que eu disse que não sou digno e não sou merecedor. É que a felicidade é fim último de todos e todos, sem exceção a merece. Mas ser digno de felicidade é diferente. Só é digno da felicidade aquele que possui bravura. É aquele que não tem medo dos nãos e das portas fechadas. Aquele que cria as condições ou, pelo menos, tenta criar os meios de atingi-la. A felicidade é passiva. Você quem deve ir atrás dela e não esperar que ela aconteça. A felicidade se constrói enquanto se vive, não é um estado de graça, que uma vez atingido, permanece. Ela é como a própria vida. Ela até paira por nós, mas só de fato vive àquele que escolhe os próprios caminhos. Só é feliz quem vive. Só vive quem é feliz. Os demais, se contentam com a efêmera sensação de ser feliz, só porque, num dia de céu claro, um leve sorriso foi visto no espelho.
Nietzsche diria que a solidão é a sorte de todos os espíritos excepcionais, e que não atrapalhem a minha solidão sem antes me oferecer verdadeira companhia. As criaturas melancólicas aprendem desde cedo que a vida é dor, em virtude disso tendem a se inclinar ao pessimismo, num mundo de ilusões se isolar se torna se não mais uma ilusão irrisória, o segredo é compreender aquilo que o homem do Subsolo compreendeu, que a modernidade é podre e que não resta mais nada as almas que chegaram a esse elucidação de que persistir nas ilusões é válido para tudo, então de que modo não seria também válido persistir na ilusão de que sozinhos conseguimos ser melhores? Por dias me coloquei diante do abismo, o encarei profundamente, de modo que ele também passou a olhar para mim, a minha alma se fundiu a sua imensa escuridão, na beira qual outra ação mais válida ao espírito seria do que não se lançar? E se caímos, que aproveitamos a queda e dançamos enquanto ela durar.
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