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Último Texto

A Casa

No alto daquele morro havia uma casa abandonada. Vozes eram ouvidas sussurrando e gemendo. Luzes brilhavam nas janelas, morcegos voavam pelos quintais e, nos jardins, borboletas-bruxas sugavam todo fonte de vida que existia nas flores. Nenhum ser humano tinha coragem de se aproximar dessa humilde casa abandonada. Às três da manhã, ouvia-se uivos sombrios e miados que pareciam vozes pedindo socorro. Ninguém sabia dizer porquê, mas aquela casa era o lar de todos os gatos pretos da região. Algumas pessoas diziam que ao redor daquela casa, mesmo durante o dia, tudo era escuro. Ela parecia ter saído de um livro de terror. Um dia, nosso aclamado herói resolveu por a prova a lenda que circulava pela cidade: de que aquela era uma casa mal assombrada. Ele não era o mais corajoso dos homens que já vivera naquela cidade, mas não se conformava de que uma simples casa era temida por toda uma população. Estava decidido: iria visitar a casa. Seus amigos, achando graça daquilo, insistiram que, já qu

Desculpa

    Peço-lhes desculpas por todas as vezes em que eu, sem nenhuma razão que o valesse, projetei no outro aquilo que estava em mim. É muito mais fácil apontar os erros alheios e elaborar soluções óbvias, quando não é na gente que dói. Eu sou bom em mascarar o que sinto, porque apenas revelo aquilo que, no meu entender, não vai me fazer pior aos olhos de quem me ouve. Não minto. Omito.
    Eu quero ser motivo de admiração e louvores, ter a imagem imaculada de uma perfeição que não existe. As minhas angústias são somente minhas, às vezes nem com Deus as compartilho. E não é que eu não seja religioso ou não acredite em Seu poder. Não! Só não me sinto íntimo e digno de pedir ou chorar para Ele. 
    Se tu vieste até mim, falar sobre seus receios, ansiedades ou medos, ou se eu os percebi e ao invés de apenas ouvir e dar suporte, tentei amenizar ou resolver seus problemas, me desculpe. Eu, ansioso e ruminante de passados que não voltam mais e descrente de futuros que provavelmente nunca virão, mais que ninguém, deveria entender seus anseios, mas não, projetando em ti o meu próprio medo de ser rejeitado, relegado, escanteado, apontei-lhe soluções e devaneios que provavelmente só funcionam até a segunda página.
    Nem todo sorriso é alegre, nem todo choro é triste, nem toda presença é companhia, nem toda solidão é solitária. Somos um conjunto de contradições, um caos, uma desorganização, e precisamos, às vezes de quem nos traga para a realidade de sermos imperfeitos. Tudo bem ser uma bagunça. Melhor, ser não, estar uma bagunça. Tudo bem quando se vão quando queremos que fiquem, tudo bem não ser perfeito. Ninguém é de todo errado, ninguém é de todo certo.
    Se sentiu-se minimamente julgado por mim ou se decepcionou por eu não ter sido o apoio que esperavas de mim, me desculpe. Se não tive coragem de me abrir e revelar o que sinto no meu íntimo, me desculpe. Se entreguei em excesso ou faltei com alguma coisa, me desculpe. Eu só queria ser a referência de "perfeição" e otimismo, quando na verdade, muitas vezes, eu também não saiba o que estou fazendo.
    

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